1ª Etapa
Gouveia a Conceição 100 km em 4 dias
O nosso primeiro pensamento seria simplesmente caminhar de Gouveia a Belo Horizonte. Mas como fomos bem sucedidos em nossa primeira viagem(Gouveia a Belo Horizonte), resolvemos pensar em algo mais ousado. Percorrer de Gouveia a Parati a pé. Seriam mais de mil km. Estabelecemos alguns critérios: jamais aceitar uma carona, toda a nossa trajetória teria que ser feita exclusivamente a pé, a distância total seria dividida em etapas e programamos caminhar uma semana a cada mês de janeiro.
1º dia - A nossa primeira arrancada foi no dia 10 de janeiro de 2005. Foram 54 km até Congonhas do Norte, cidade vizinha a Gouveia. Passamos pelo Engenho da Bilía, Costa Sena, Gurutuba e finalmente Congonhas. Nesse primeiro dia todas as pessoas que encontramos pelo caminho eram velhos conhecidos nossos. Quase sempre eramos questionados. Porque vocês estão fazendo isso? É alguma promessa?
2º dia - Congonhas do Norte a Ouro Fino de Minas, localidade que pertence a Conceição do Mato Dentro. Trecho com apenas 25 km.
3º dia - Ouro Fino a Conceição do Mato Dentro. Foram mais 25 km. Era uma paisagem muito bonita e com muita mata Atlântica ainda preservada.
2ª Etapa
Conceição do Mato Dentro a Ouro Preto 244 km em 6 dias
Muita pretensão a nossa! Seria uma média 40,6 km por dia até Ouro Preto.
Chegamos em Conceição do Mato Dentro na sexta feira, dia 05 de janeiro de 2007 para dar continuidade a caminhada. Estávamos iniciando a segunda etapa.
4º dia - Mochila nas costas e partimos para Morro do Pilar, era o nosso objetivo nesse dia. Hoje a distância não seria muito longa. Apenas 27 km em uma trecho muito acidentado. Tomamos o café na Pousada Serra Velha e partimos. De agora pra frente as localidades e as pessoas seriam completamente desconhecidas. Nós de Gouveia não passamos habitualmente por esses lados.
Caminhamos por 2 km na estrada asfaltada no sentido Belo Horizonte. Logo a frente entramos a esquerda numa estrada de terra que dá acesso a Morro do Pilar
O chão estava bem molhado. Várias poças d' água. Uma distração e pé no barro pé no barro sujando o tênis e a meia.
Na metade do dia encontramos com esse trabalhador rural, o Sr. Juscelino(foto). Nos contou que trabalha numa fazenda a beira da estrada e, como hoje era sábado, ia passar o fim de semana com sua família em Morro do Pilar. Nos acompanhou até lá.
O dia foi de muita umidade e sem sol. Pancadas de chuva aqui e acolá, mas não chegou a nos atingir.
Fiz uma reserva em uma pousada que fica na parte baixa da cidade e, para minha surpresa não tinha ninguém lá. Falei pelo celular com o proprietário que me disse estar em viagem a Belo Horizonte e que não podia me receber.
Fomos informados que uma senhora por apelido D.Didica teria quartos para alugar em sua casa próximo a igreja.
Mais tarde saímos a procura de jantar mas encontramos apenas sanduiches em um bar ao lado da Matriz. A missa dominical havia terminado e era grande o movimento no largo da Igreja. Fomos dormir bem cedo.
5º dia - No dia seguinte a Senhora Didica já havia deixado o café pronto na véspera. Saímos às 6 horas. Hoje a nossa intenção seria chegar a Itambé do Mato Dentro. A distância entre a duas cidades é de 35 km. Uma boa distancia. Os primeiros km foram de muito barro pelo caminho.
A marcação da Estrada Real é perfeita. Os totens nas encruzilhadas iam tirando as nossas dúvidas. Aos poucos as cidade de Morro do Pilar ia desaparecendo no horizonte.
A estrada bem plana segue paralela ao Rio do Peixe. O tempo continuava ainda muito úmido e quente.
Vestígios da Mata Atlântica ainda é bem visível em alguns pontos. Mas essa paz aparente por esses lados estão com os dias contados. As mineradoras estão chegando.
Na metade do dia paramos às margens do Rio do Peixe na casa de campo do Sr. José Maria. Ele estava ali com sua família passando férias. Nos contou que um mineroduto iria passar dentro de suas terras. Essa empresa que está se instalando na região de Conceição do Mato Dentro irá transportar minério de ferro e água através de dutos até o Rio de Janeiro.
Comemos um macarrão preparados na cozinha da família , reabastecemos de água e partimos.
Na sequência enfrentamos uma longa subida. Bem no alto, passamos entre duas pedras. Nesse local o Sr. José Maria nos contou que lá vive um homem isolado de tudo e de todos. Não o vimos. Parece que tem medo de estranhos.
Chegamos no final da tarde em Itambé do Mato Dentro. Passamos por uma pousada com uma varanda a frente, alguns carros estacionados á porta, mas ninguém para nos atender. Logo mais a frente encontramos outra pousada perto da Igreja. A recepção nos informou que ali servia jantar. A ultima vez que comemos uma refeição completa foi na cidade de Conceição do Mato Dentro a três dias. \um jantar seria muito bem vindo.
6º dia - O café na pousa da foi ótimo: frutas, pão de queijo feito na hora, suco, leite quente e café. Hoje terça feira, nosso objetivo era chegar a Ipoema, localidade nos domínios da cidade de Itabira . Seriam 31 km até lá.
Uma subida forte logo no inicio do dia. Trabalhadores faziam manutenção da estrada.
Depois de uma longa subida e uma longa descida, reabastecemos nossas garrafas d'água em uma casa a beira da estrada.
No km 14 chegamos a localidade de Senhora do Carmo. Na praça uma pousada, propriedade de Maria Izabel e Roberto. Alguns minutos de conversa com o casal.. O Sol estava a pino. Muito calor. Tomamos um sorvete no bar do Marquinhos e retomamos a caminhada. Saímos do povoado as 13 h.
Já bem próximos de Ipoema avistamos uma enorme cachoeira bem longe da estrada.
Em Ipoema não encontramos jantar, somente sanduíche e pizza. Hospedamos na Pousada Quadrado. Ótimas acomodações e um bom café da manhã.
7º dia - Hoje seria um dia muito difícil. Programamos caminhar até Barão de Cocais que fica a 53 km de Ipoema. A pizza do dia anterior não deu pra suprir as nossas necessidades e para agravar mais, as perspectivas seria de muito sol e calor .
Teríamos que sair o mais cedo possível. Mas como estávamos mal alimentados, aguardamos o café da manhã da Pousada. Essa espera nos atrasou bastante.
A 13 km de Ipoema chegamos a Bom Jesus do Amparo, passamos por essa localidade as 11:30 h.
Essa metade do dia em pleno verão exige muito esforço físico. O ideal é sair o mais cedo possível, aproveitando a parte da manhã.
Na saída de Bom Jesus do Amparo enfrentamos uma longa subida. Esse foi o trecho de maior sacrifício. As maiores dificuldades foram o aclive forte e o calor devido ao horário.
A 10 km de Bom Jesus do Amparo atravessamos a estrada asfaltada que liga Belo Horizonte a Vitória. Consumimos muita água. Paramos em uma casa as margens do asfalto para reabastecer nossas garrafas d'água
Tão logo atravessamos o asfalto a temperatura baixou um pouco. A trilha segue por uma floresta de eucaliptos por onde caminhamos o resto da tarde.
Subitamente uma rajada de ventos varre a floresta. Parecia anunciar uma forte tempestade mas foi apenas uma chuva passageira. Ainda bem que não houve relâmpagos e nem trovões.
Num determinado momento ouvimos um barulho muito forte próximo de nós. Parecia ser de um animal de grande porte. Levamos um grande susto e ficou apenas a pergunta: o que animal seria?
Chegamos ao Sítio Santa Rosa para pedir informações. Logo a frente vimos algumas casas que imaginamos ser Barão de Cocais. Fomos surpreendidos com a informação que estávamos chegando a Cocais e que para chegar a Barão de Cocais ainda faltavam 14 km.
Eram 19 horas, partimos para Barão de Cocais. Ficamos um pouco abalados, perdemos os totens de vista, seguimos pelo asfalto mesmo. Começou a chover e a noite chegou rápido e ainda perdemos o nosso cajado.
Um ônibus escolar pára no acostamento e o motorista nos ofereceu carona. Não aceitamos. O motorista sem entender nada, fecha a porta com violência e segue. Mantivemos o nosso compromisso de chegar ao destino usando exclusivamente as nossas pernas.
A partir desse momento não gravamos mais imagens. Era uma questão de sobrevivência. Chuva, cansaço e fome.
Chegamos a Barão de Cocais. Já eram quase 22 horas. Tivemos muitas dificuldades para conseguir um hotel, estavam lotados. Uma recepcionista muito dedicada nos ajudou ligando para todos os hotéis da cidade. Enfim conseguimos achar vagas no Hotel Caraça. Fomos para lá. Comemos um sanduíche próximo ao hotel. Faltou forças para caminhar e procurar um jantar.
8º dia - Quarta feira, 10 de janeiro de 2007. Fomos os primeiros a tomar café no Hotel Caraça. As 6:30 já estávamos nas ruas de Barão de Cocais para dar inicio a mais um dia de caminhada. Nosso objetivo hoje era chegar a Santa Rita Durão. Não era tarefa nada fácil. A distancia até aquela localidade era 55 km.
Ainda bem cedo já na rodovia saindo da cidade vimos o centro histórico de Barão de Cocais. Até esse momento estávamos fora da trilha original, caminhando pelo asfalto.
Tinha perdido meu cajado no dia anterior. Em Barra Feliz, esse senhor com a mão no queixo me presenteou com um sarrafo muito resistente e leve. Era um cabo de enxada.
Mais a frente já nos aproximando do centro de Santa Bárbara um senhor com um serrote na mão parecia estar nos esperando. Cortou uma parte do sarrafo que estava um pouco grande e lascado e o adaptou a sua nova função de cajado.
Em Santa Barbara logo nas primeiras ruas, paramos em um bar próximo a uma ponte. Tomamos um refrigerante e pedimos algumas informações.
Passamos pelo centro e pela Secretária de Turismo local. Em seguida voltamos a estrada. Ainda tínhamos muito chão pela frente até Santa Rita Durão. Reencontramos os totens na saída da cidade.
O caminho até Catas Altas foi um dos mais bonitos de toda a Estrada Real. A nossa frente ia surgindo a parte mais alta do Espinhaço Mineiro, alguns picos aqui chegam a atingir dois mil metros de altitude
A esquerda uma muralha de pedra que mais tarde fiquei sabendo tratar-se de um famoso bicame. O caminho ia se aproximando da cadeia de montanhas.
Caminhamos alguns metros paralelo a uma linha de trem. Num alto, logo após uma curva, surge de repente Catas Altas. Encontramos um cavaleiro que nos acompanhou até as primeiras ruas da cidade.
Chegamos a praça principal. Paramos em um bar de frente a Igreja Matriz. Uma tempestade surgiu de repente. Um tremendo estrondo assusta a todos. Parece que um raio caiu ali por perto, talvez na torre da Igreja.
Hoje já tínhamos caminhado 37 km e ainda faltavam 18 km para chegar ao nosso objetivo nesse dia. Choveu forte enquanto estávamos no Bar. Já passavam das 18 h. A minha preocupação era a grande com a tempestade e com a distancia até Santa Rita Durão. Logo que a chuva deu uma trégua partimos.
A 6 km da praça da Matriz passamos pelo Morro de Água Quente. Uma família daquela localidade nos oferece um café com bolo de fubá. Veio em Boa hora.
Em seguida chegamos num alto onde parecia ser sede de uma mineradora, um campo de viação e uma portaria. Já era noite. A tempestade parecia estar estacionada na cordilheira a nossa direita muito próximo de nós. Relâmpagos e trovões era assuntadores. A partir desse momento, foram 10 km debaixo de uma chuva miúda até Santa Rita Durão.
Chegamos a Santa Rita as 21:30 h e por sorte encontramos jantar. Nosso ultimo jantar tinha sido a três dias lá em Itambé. Fomos dormir em um alojamento. Não era confortável mas tinha um bom chuveiro. A chuva continuava lá fora. Dormi muito bem essa noite.
Helder nos sugeriu sair o mais cedo possível de Santa Rita no outro dia. Seria para evitar esse panico da chegada. Caminhar a noite no meio de tempestade e cansado não é nada interessante.
9º dia - A senhora do alojamento já deixou na mesa uma garrafa de café e alguns pães na noite anterior. Quando começamos a caminhar ainda estava escuro. O nosso objetivo hoje era chegar a Ouro Preto. Era uma longa caminhada. Seriam 46 km.
A estrada estava em obra. Muitas poças d'água. Choveu a noite toda. Bem cedo já avistamos a localidade de Bento Rodrigues. Estávamos bem dispostos nesse dia. O jantar e uma boa noite de sono recuperou nossas energias. Já tínhamos caminhado até aqui 10 km.
Passamos na venda do Sr. José Sobreira em Bento Rodrigues. Tomamos café com leite, bolachas Tivemos um dedo de prosa.
Logo que saímos de Bento Rodrigues, um totem indicava a esquerda. Mas o Helder preferiu continuar em frente temendo fazer volta. Não ficamos conhecendo a localidade de Camargos. Poucos metros a frente de nós uma cobra atravessa a estrada. Parecia ser venenosa. Uma coisa que sempre ouvi dos mais velhos: dia de sol após uma chuvarada as cobras saem das tocas. Tomem cuidado!
Essa nossa segunda etapa ia encerrar em Ouro Preto. Só voltaríamos a Estrada Real no próximo ano para dar continuidade a caminhada.
Hoje é quinta feira. Helder tinha um casamento para ir no final de semana. Estava com pressa para chegar a Ouro Preto e pegar um ônibus para Belo Horizonte e de lá para Gouveia. Foi uma correria.
As 13 horas avistamos Mariana. As 15 horas já estávamos no centro da cidade. Meus pés estavam inchados e eu estava muito casado. Ainda faltavam o pequeno trecho até Ouro Preto.
Esse trecho era nada interessante. São 11 km de subida por um caminho asfaltado e muito estreito.Tivemos que redobrar a atenção com os carros. Chovia muito. Fiz esse trecho descalço. Meus pés não cabiam mais dentro do calçado.
Chegamos a Praça Tiradentes em Ouro Preto as 19 horas. Ainda era dia. Estávamos em horário de Verão.
Hoje dia 11 de janeiro de 2007, encerramos a 2ª etapa da Estrada Real aqui em Ouro Preto. Combinados voltar em Janeiro de 2008 para inciar a 3ª etapa.
3ª Etapa
OURO PRETO A SÃO JOÃO DEL REI - 225 KM EM 8 DIAS
10º dia - Hoje, 5 de janeiro de 2008. Chegamos a Ouro Preto para iniciar o que seria a nossa 3ª etapa de nossa caminhada. Fazia muito calor naquela tarde de sábado, céu muito azul. Combinamos sair o mais cedo possível na manhã do dia 6, domingo.
Saímos da hospedaria ainda escuro. O Helder foi o primeiro a por os pés na rua. Estando lá fora ele me disse: está chovendo, eu não acreditei, pensei ser brincadeira. Caia uma chuva fria e miúda. Fomos assim mesmo. Pensei comigo, deve passar logo.
Seguimos o asfalto até o km três, escutando uma verdadeira sinfonia de tico-ticos. Em seguida pegamos uma trilha à direita. Uma subida muito forte. No alto da Serra seguimos por uma estrada de terra e, logo após, uma trilha estreita com muitas pedras. A chuva insistia, tornando o risco de queda iminente. Era preciso ir muito devagar.
A Estrada Real, na saída de Ouro Preto, faz um pequeno "S" dando a impressão de estarmos voltando. Só depois de Santo Antonio do Leite é que retomamos o sentido sul rumo a Parati.
Chegamos em Cachoeira do Campo na hora do almoço. Encontramos um restaurante funcionando em um casarão a esquerda da Igreja Matriz. Decidimos almoçar. A chuva continuava.
Ao sair cometemos e erro de percurso. Perdemos a trilha original e fomos direto para Santo Antonio do Leite por asfalto. Não passamos pela localidade de São Bartolomeu e Glaura .
Atravessamos a rodovia asfaltada que liga Ouro Preto a Belo Horizonte. Em seguida caiu uma pancada de chuva. Um carro chevete nos carona mas não aceitamos. A poucos km dali chegamos a Santo Antonio do Leite que era o nosso objetivo final naquele dia
Hospedamos no Pouso do Alferes. Essa pousada tinha poucos dias de funcionamento. Um casal de professores aposentados acabara de inaugurar. A noite fomos a praça principal da localidade provar o famoso pastel.
11º dia - Levantamos bem dispostos naquela manhã de segunda feira. A proprietária da pousada nos serviu um delicioso café mais cedo a nosso pedido. A vantagem de pousadas é que tratamos diretamente com os proprietários. Os horários podem ser adaptados aos hospedes. Sempre se dá um jeito. Há sempre um tempo para contar historias e costumes locais. Nos grandes hotéis o horário é rígido. Os empregados recebem ordens e são avessos a improvisos.
Nosso objetivo hoje era chegar a Congonhas do Campo. Seriam 44 km até lá. Depois de um domingo inteiro de chuva, a manhã de segunda feira estava ensolarada.
Passamos por localidades pouco conhecidas e abandonadas com a mudança de meios de transporte de trens de passageiros pelos ônibus. As rodovias asfaltadas mudaram o trajeto, deixando localidades como Engenheiro Correia e Miguel Burnier esquecidas no tempo.
A tarde fomos contemplando a beleza da Serra de Ouro Branco a nossa esquerda.
Miguel Burnier-MG - Essa bela localidade formou-se no entorno da Estação Ferroviária. Há uma Igreja no alto da colina imitando a Basílica de Nossa Senhora Aparecida.
Lobo Leite: Essa Localidade está a beira do asfalto, faltavam apenas 7 km para chegar a Congonhas.
Chegamos a Congonhas, cidade dos profetas. Foram 44 km nesse dia.
Caminhamos por alguns km a margem da rodovia 040. O asfalto estava a alguns metros sobre nós. Escutamos um estrondo, um acidente de veículos acabara de acontecer.
Adentrando as primeiras ruas de Congonhas, pessoas curiosas nos perguntam de onde viemos e para onde vamos. Essa gostosa sensação de vencer mais um obstáculo é indescritível.
A trilha da Estrada segue atrás da Basílica de Bom Jesus de Matozinhos e onde estão também os famosos Profetas em Pedra Sabão.
12º dia - A 7 km de Congonhas chegamos ao Alto do Maranhão. Famosa cadeia Pública dos tempos do Brasil Colônia.
Chegamos a Congonhas, cidade dos profetas. Foram 44 km nesse dia.
Caminhamos por alguns km a margem da rodovia 040. O asfalto estava a alguns metros sobre nós. Escutamos um estrondo, um acidente de veículos acabara de acontecer.
Adentrando as primeiras ruas de Congonhas, pessoas curiosas nos perguntam de onde viemos e para onde vamos. Essa gostosa sensação de vencer mais um obstáculo é indescritível.
Fomos jantar em um restaurante ao lado do Hotel. Deixamos para o dia seguinte os passeios pela cidade.
A trilha da Estrada segue atrás da Basílica de Bom Jesus de Matozinhos e onde estão também os famosos Profetas em Pedra Sabão.
Passamos por Pequeri, uma localidade logo após o Alto do Maranhão. Um morador da localidade puxa assunto: Nos diz que tem um sonho de percorrer toda Estrada Real de bicicleta. São aqueles velhos sonhos que ficam guardados e nunca acontecem.
São Braz do Suaçuí - Chegamos muito cansados. Não pela distância mas pelo sol forte daquela terça feira. Fomos para o ultimo andar de um confortável hotel na praça. Dormimos a resto da tarde sobre a cerâmica fresca do quarto. Bem mais tarde tomamos um banho e descemos pra comer alguma coisa. Ao passar pela portaria do hotel a recepcionista nos olhou espantada e nos perguntou por onde entramos. Um pergunta cretina merecia outra resposta cretina. Quase disse para ela que descemos de para-quedas ou talvez helicóptero. Mas não dissemos nada.
13º dia - Levantamos não muito cedo nesse dia, já passavam das 7 horas quando deixamos o apartamento do hotel para tomar café. Hoje a distância não seria muito longa, apenas 19 km até Entre Rio de Minas.
Chegamo a Entre Rios em tempo de almoçar. Descansamos um pouco e a tardinha saímos para dar um giro pelas ruas. Uma rápida chuva de verão caiu sobre a cidade. Um belo arco-íris ornou nossas fotos.
Cidades desse porte, geralmente os restaurantes, não servem jantar. Como almoçamos cedo a fome apertou. Fomos informados que em uma casa de familia na parte mais baixa da cidade, serviam jantar. Partimos pra lá.
14º dia - A caminho de Lagoa Dourada, logo no inicio da rodovia, começamos a ver placas anunciando a lanchonete "Café com Prosa". "Pensamos" chegando lá tomamos um café e vamos tirar as dúvidas sobre a próxima localidade. Seria "Casa Grande". Para nossa decepção o Café com Prosa estava fechado. Apenas pessoas fazendo limpeza. Empregados não muito amistosos, nem se quer abriram a porta para nos receber.
A vegetação muito alta encobriu o totem que indicava a trilha à esquerda. Esse erro acabou nos proporcionando um atalho involuntário até a cidade de Lagoa Dourada. Fizemos todo o percurso pelo asfalto que não chega a ser agradável, muito calor e a preocupação com os veículos em alta velocidade.
Chegamos no meio da tarde a Lagoa Dourada. Hospedamos nesse casarão na praça principal. A tarde choveu um pouco. Fomos jantar e saborear o famoso Rocambole que é uma tradição da cidade.
15º dia -Enquanto tomávamos o café da manhã a proprietária da pousada nos contou a origem da história do rocambole naquela cidade.
Começamos a caminhar naquele dia ainda bem cedo. O Helder num lance muita inspiração fez uma foto contra o sol que mais tarde veio a ser a nossa logomarca.
Esse trecho entre Lagoa Dourada e Prados também estava muito confuso. Por sorte nossa o proprietário dessa fazenda nos fez um mapa detalhado do caminho. Nos disseram também que houve mudanças na demarcação da trilha.
Esse Senhor e seu filho estavam ordenhando suas vacas. Nos deu um dedo de prosa e nos ofereceu leite tirado na hora. Logo mais a frente já podíamos ver a linha de montanhas que é uma referência de toda essa região. Erá a Serra do Rio das Mortes que mais tarde passou a ser chamada de Tiradentes
Bela surpresa nas proximidades de Prados! Uma Vila onde todos os moradores desenvolveram a arte de entalhar madeiras. Produzem peças das mais variadas formas. São esculpidas peças do tamanho de um cinzeiro até um Leão em tamanho natural. Vale a pena conhecer.
Fomos nos hospedar em uma Pousada e Restaurante Vivendas Letícia um pouco retirada do centro cidade.
16º dia - Não tivemos muita pressa para começar a caminhada naquela manhã de sábado. A distância seria muito pouca até Tiradentes. Tomamos nosso café tranqüilamente e partimos.
Não víamos nenhum totem da Estrada Real há mais de três dias. Saímos de Prados em uma trilha na encosta da Serra. Nos primeiros km já víamos a localidade de Bichinho e a cidade de Tiradentes.
Fomos muito bem recebidos na Pousada Santo Expedito. A proprietária ficou muito impressionada com a nossa determinação e disposição de viajar a pé.
A noite recebemos a visita de Alberto e Raquel. Vieram da cidade de Dores de Campo. Depois de uma boa prosa na pousada, colocando o casal a par das notícias de Gouveia, saímos para dar um giro pela cidade de Tiradentes.
A sinalização da trilha é muito falha nessa região. Para nossa surpresa, cidades onde o turismo já é uma realidade, parece que não estão preocupados em divulgar a Estrada Real como um todo.
17º dia - Fomos seguindo uma trilha usada por motociclistas na encosta da Serra do Rio das Mortes até Santa Cruz de Minas. Como podem observar o uso dessa trilha por motocicletas provoca erosão. Em alguns locais já se formam calhas com mais de dois metros de profundidade.
De Santa Cruz de Minas até o centro de São João Del Rei, caminhamos no perímetro urbano.
Fomos direto para rodoviária e retornamos para as nossas casas. Programamos para o próximo janeiro de 2009 retornar a São João del Rei para dar continuidade à caminhada. Hoje, 13 de janeiro de 2008, 18º dia depois de nossa saída de Gouveia, completamos 569 km caminhados.
4ª Etapa
SÃO JOÃO DEL REI A CARRANCAS - 77 KM EM 3 DIAS
Em 2009 o Helder teve alguns problemas de agendamento. Não caminhamos naquele mês de janeiro como já vínhamos fazendo desde 2005. Fiquei um pouco preocupado temendo pela continuidade de nosso projeto.
Mas naquele ano de 2009 abrimos um exceção e para não passar em branco programamos caminhar em julho. Seria o trecho de São João del Rei a Carrancas.
18º dia - São João del Rei-MG - Chegamos em São João del Rei no dia 27 de julho de 2009 para dar início o que seria a 4ª etapa de nosso projeto Gouveia a Parati.
Começamos a caminhar naquele dia mesmo, logo após o almoço. O primeiro dia de uma nova etapa geralmente é meio tenso e cansativo. O percurso hoje seria até São Sebastião da Vitória que dista de São João del Rei apenas 24 km.
Passamos por Rio das Mortes, localidade onde segundo a história nasceu a Nhá Chica. Religiosa e benfeitora da região.
Chegamos a São Sebastião da Vitória no início da noite. Fomos jantar em um restaurante a beira da estrada asfaltada e bem próximo de onde hospedamos.
19º dia- No dia seguinte levantamos bem dispostos e já adaptados com a jornada. Teríamos que cobrir uma distância de 23 km até Capela do Saco.
Ao chegar na localidade de Caquende, visitamos um artista local. Observamos pinturas de sua autoria e cópias de autores famosos nas paredes.
Caquende que fica à margen da represa é a última localidade nos domínios de São Jão del Rei. Na margem oposta está Capela do Saco já no município de Carrancas.
Na travessia de balsa íamos observando a localidade de Capela do Saco se aproximar. Duas construções que mais se destacavam eram a Capela de Nossa Senhora da Conceição, e uma outra edificação moderna que mais tarde fiquei sabendo se tratar de uma pousada, contrastando com aquele visual centenário. Bem a frente da capela uma caixa d'agua de concreto. Acho que os empreendedores e as autoridades deveriam se preocupar com a arquitetura ao longo da Estrada Real. Afinal além da natureza o principal atrativo é a história.
20º dia - A esposa do Pinguinha, a nosso pedido, levantou bem cedo e nos preparou um café. Queríamos aproveitar bem as primeiras horas do dia. Subir a Serra de Carrancas o mais cedo possível.
ada, passando pela Largo da Matriz, vários cães reunidos. Dois deles começam a nos seguir. Apenas um prossegue. Helder comenta: dos dois, esse deve ser o mais ingênuo. Pensei comigo, ou talvez o mais aventureiro.
do Saco deixou saudades. A receptividade, as belas paisagens, a história do local, os pássaros e a paz desse lur.
Capela do Saco deixou saudades. A receptividade as belas paisagens, a história do local, os pássaros e a paz desse lugar.
Ao pé da grande serra passamos um grande susto
. Dois cães não muito amistosos, verdadeiras feras, estavam soltos no pátio de uma fazenda. Ainda bem que o cão que nos seguia se entendeu com eles. Saímos todos a salvos desse episódio.
de serra passamos um grande susto. Dois cães não muito amistosos, verdadeiras feras, estavam soltos no pátio de uma fazenda. Ainda bem que o cão que nos seguia se entendeu com eles. Saímos todos a salvos desse episódio.
A névoa na parte da manhã é uma característica desse lugar. Dava um efeito todo especial as fotos. Como disse um outro caminhante o Ivan Natal, a névoa desse lugar pode ser cortada com faca.
Tão logo chegamos ao topo dessa grande serra já avistamos a Cidade de Carrancas. A partir daí iniciamos uma longa e suave decida até o perímetro urbano.
Tão logo chegamos ao topo dessa grande serra já avistamos a Cidade de Carrancas. Na seqüência deu inicio uma longa e suave decida até o perímetro urbano.
O intrépido pastor alemão nos acompanhou de Capela do Saco a Carrancas. Chegando na cidade o Helder o presenteou com várias fatias de mortadela. Ele ficou algumas horas nos aguardando a porta do Hotel, conforme o porteiro nos disse. Quando saímos pra jantar não o vimos mais. Creio que voltou pra casa.
Ficamos conhecendo nas proximidades do perímetro urbano de Carrancas o Sr. Murilo Cabral e Ana Cintra. A Ana prometeu nos acompanhar em nossa etapa seguinte que seria em janeiro de 2010.
Carrancas fomos pedir ajuda a um receptivo local. Percorremos com a ajuda de um guia as cachoeiras da cidade. Encerramos aqui a nossa 4ª etapa da Estrada Real com a promessa retornar em janeiro de 2010 a esse mesmo local para dar inicio o que seria a nossa 5ª Etapa. Voltamos para as nossas casas e aos nossos afazeres rotineiros
Em Carrancas fomos pedir ajuda a um receptivo local. Percorremos com a ajuda de um guia as cachoeiras da cidade. Encerramos aqui a nossa 4ª etapa da Estrada Real com a promessa retornar em janeiro de 2010 a esse mesmo local para dar inicio o que seria a nossa 5ª Etapa.
Voltamos para as nossas casas e aos nossos afazeres rotineiros.
5ª- ETAPA
CARRANCAS A PASSA QUATRO - 180 KM EM 6 DIAS
Passados seis meses retornamos a Carrancas. Muito animadas estavam lá a Ana Cintra e sua amiga Marilda Cabral nos esperando conforme o combinado. Planejamos caminhar de Carrancas a Passa Quatro. Essa seria a 5ª e penúltima etapa da Estrada Real.
21º - Levantamos as 5:00 h e fomos tomar café na casa de uma amiga da Ana Cintra. Um belo casarão no largo da Matriz bem no centro de Carrancas.
dia de nossa saída de Gouveia, região de Diamantina. Era sábado dia 9 de janeiro de 2010. Nosso objetivo seria chegar a Fazenda Traituba. Seriam 31 km até lá.
Hoje 21º dia de nossa saída de Gouveia, região de Diamantina. Era sábado dia 9 de janeiro de 2010. Nosso objetivo hoje seria chegar a Fazenda Traituba. Seriam
Deixamos a cidade de Carrancas com a promessa de voltar com mais tempo para explorar as belezas naturais dessa região.
logo deu ritmo a caminhada demonstrando um ótimo condicionamento físico. Eu pelo contrário não estava bem nesse janeiro de 2010. Não me preparei e estava um pouco fora do peso. O jeito foi ficar fazendo companhia a Marilda um pouco mais atrás.
A Ana logo deu ritmo a caminhada demonstrando um ótimo condicionamento físico. Eu pelo contrário não estava bem nesse janeiro de 2010. Não me preparei e estava um pouco fora do peso. O jeito foi ficar fazendo companhia a Marilda um pouco mais atrás.
O objetivo de Ana era conhecer e divulgar o caminho de Nhá Chica. Religiosa natural de São João del Rei e que desenvolveu obras sociais na cidade de Baependi onde também construiu uma capela. Nhá Chica poderá vir a ser a primeira santa nascida no Brasil, cujo processo de Beatificação já se encontra bem adiantado no Vaticano.ra conhecer e divulgar o caminho de Nhá Chica. Religiosa natural de São João del Rei e que desenvolveu obras sociais na cidade de Baependi onde também construiu uma capela. Nhá Chica poderá vir a ser a primeira santa nascida no Brasil, cujo processo de Beatificação já se encontra bem adiantado no Vaticano.
Logo que iniciamos nossa caminhada o sol mostrava sua cara. Prenuncio de um dia de muito calor.
Logo que iniciamos nossa caminhada o sol mostrava sua cara. Prenúncio de um dia de muito calor.
O caminho é bem tranqüilo, seguíamos por uma estrada de terra bem conservada. A nossa maior dificuldade era enfrentar o sol forte do mês de janeiro.anquilo. Seguimos por uma estrada de terra bem conservada. A nossa maior dificuldade era enfrentar o sol forte do mês de janeiro.
Essa região é conhecida como berço dos Cavalos Manga Larga. São várias as fazendas onde se criam esses animais.
Esse proprietário de terras no entorno da Cachoeira Grão Mogol parece não ver com bons olhos o turismo. A placa chama a atenção. É proibida a entrada inclusive a pé.
Fazenda Traituba
Chegamos ainda bem cedo em Traituba. Estávamos exaustos pois o calor e o sol forte nos castigaram nesse dia. Esse casarão sede da Fazenda funcionava um hotel. Os empregados não tinham autorização para receber pessoas ali.Chegamos ainda bem cedo em Traituba. Estávamos exaustos pois o calor e o sol forte nos castigaram nesse dia. Neste casarão, sede da fazenda, funcionava um hotel. Os empregados não tinham autorização para receber pessoas ali.
Fomos aconselhados por eles a caminhar mais um pouco e pedir ajuda em uma Vila de trabalhadores em uma granja a 6 km a frente. Muito a contragosto de Marilda e eu Afrânio, seguimos em enfrente. Era a única alternativa.
Chegando na Granja a maioria dos trabalhadores já estavam de folga, era sábado. Celebravam um culto religioso na capela local. Logo após o culto nos serviram um café em uma das casas.
A solução encontrada por eles foi nos levar de carro até a cidade de Cruzília onde poderíamos dormir. No dia seguinte esse mesmo carro nos traria de volta para dar continuidade a caminha. Assim o fizemos.
Hospedamos em um Hotel na Praça principal de Cruzília. Marilda decidiu não caminhar no dia seguinte, estava com um princípio de desidratação. No outro dia após o café o carro já nos aguardava na porta do hotel para nos levar de volta a Granja em Traibuba.Hospedamos em um Hotel na Praça principal de Cruzília. Marilda decidiu não caminhar no dia seguinte, estava com um princípio de desidratação. No outro dia após o café o carro já nos aguardava na porta do hotel para nos levar de volta a Granja em Traituba.
Hoje domingo, 22 de janeiro de 2010 o nosso trajeto seria entre Fazenda Traituba até Cruzília 33 km. Como já havíamos caminhado no dia anterior 6 km até a Granja, hoje a distância seria menor apenas 27 km .
22º dia - Iniciamos a caminhada a partir da granja em meio a uma plantação de milho. Logo mais a frente, uma subida forte. Chegando num alto próximo a grandes árvores, um marco da Estrada Real mal colocado nos deixa duvidas quanto a direção. Um motoqueiro nos orienta.
Hoje domingo, 22 de janeiro de 2010 o nosso trajeto seria entre Fazenda Traituba até Cruzília 33 km. Como já havíamos caminhado no dia anterior até 6 km até a Granja, hoje a distancia seria menor apenas 27 km .
Iniciamos a caminhada a partir da granja em meio a uma plantação de milho. Logo mais a frente, uma subida forte. Chegando num alto próximo a grandes árvores, um marco da Estrada Real mal colocado nos deixa duvidas quanto a direção. Esse motoqueiro nos orienta.
O sol estava forte. Passamos nessa Fazenda para reabastecer nossas garrafas d'agua e prosseguimos. Percebemos que ali se cria muitos cavalos Manga Larga e Manga Larga Marchador.ol estava forte. Passamos nessa Fazenda para reabastecer nossas garrafas d'água e prosseguimos. Percebemos que ali se cria muitos cavalos Manga Larga e Manga Larga Marchador.
Chegamos no meio da tarde a Cruzília. Reencontramos a Marilda já bem recuperada. Contou-nos que foi a um hospital tomar soro. A tardinha um grupo de Capoeiristas faziam um exibição no Coreto da Praça no largo da igreja em Cruzilia. Helder logo se junto a eles.Chegamos no meio da tarde a Cruzília. Reencontramos a Marilda já bem recuperada. Contou-nos que foi a um hospital tomar soro. A tardinha um grupo de Capoeiristas faziam um exibição no Coreto da Praça no largo da igreja em Cruzilia. Helder logo se junto a eles.
a estada em Cruzília foi das mais agradáveis. O proprietário do hotel se prontificou a nos servir o café da manhã bem cedo no dia seguinte.
A nossa estada em Cruzília foi das mais agradáveis. O proprietário do hotel se prontificou a nos servir o café da manhã bem cedo no dia seguinte.
Saímos antes das 5 horas de Cruzília. Nossa intenção evitar o sol forte daquele mês de janeiro. Hoje a caminhada seria de apenas 20 km até Baependi.antes das 5 horas de Cruzília. Nossa intenção evitar o sol forte daquele mês de janeiro. Hoje a caminhada seria de apenas 20 km até Baependi.
Nos primeiros raios de sol daquele dia, aparece essa caminhonete e um senhor dirigindo sorridente e alegre nos oferece café com biscoitos. Deu-nos uma prosa por alguns minutos. Despedi-se e seguiu seu caminho.
imeiros raios de sol daquele dia, aparece essa caminhonete e um senhor dirigindo sorridente e alegre que nos oferece café com biscoitos. rosa por alguns minutos. Despedi-se e seguiu seu caminho.
Nos primeiros raios de sol daquele dia, aparece essa caminhonete e um senhor dirigindo sorridente e alegre nos oferece café com biscoitos. Deu-nos uma prosa por alguns minutos. Despedi-se e seguiu seu caminho.
Naquele de dia de sol forte de verão passamos por um caminho que era um verdadeiro oásis. A trilha formou uma calha profunda com a copa das árvores se encontrando acima, formando um verdadeiro túnel verde. Logo a frente já víamos a cidade de Baependi.
uele de dia de sol forte de verão passamos por um caminho que era um verdadeiro oásis. A trilha formou uma calha profunda com a copa das árvores se encontrando acima, formando um verdadeiro túnel verde. Logo a frente já víamos a cidade de Baependi.
A caminhada foi bem tranqüila nesse dia. A Marilda suportou bem. Já estava totalmente recuperada da desidratação. Nesse ponto já estávamos no perímetro urbano de Baependi.
caminhada foi bem tranqüila nesse dia. A Marilda suportou bem. Já estava totalmente recuperada da desidratação. Nesse ponto já estávamos no perímetro urbano de Baependi.
Chegamos a essa praça bem arborizada e bem cuidada no Centro de Baependi.Chegamos a essa praça bem arborizada e bem cuidada no Centro de Baependi.
Em seguida fomos a Capela de Nhá Chica localizada no alto de uma ladeira. Lá encontramos também uma creche, uma Estação de Radio e uma Pousada para receber romeiros, foi onde ficamos hospedados.
A Ana passou várias horas pesquisando sobre a vida de Nhá Chica. Conversando com a atual administradora das obras sociais. Esse foi o objetivo principal de sua viagem.
Voltamos à praça principal no largo da matriz onde almoçamos. A noite voltamos a esse mesmo restaurante para tomar uma cerveja e observar o movimento local.
Antes de voltar para Pousada passamos em uma padaria para comprar pães para o nosso café da manhã do dia seguinte. Na hospedagem Nhá Chica não era servido o café.
Iniciamos a caminhada nessa terça feira bem de madrugada. Em uma praça na saída da cidade vimos outra reunião de cães, um deles, por sinal o mais bonito e forte e mais aventureiro, começa a nos seguir.
Estava nos planos de Ana e Marilda caminhar só até a cidade de Baependi mas resolveram na ultima hora nos fazer companhia até São Lourenço.
A apenas 8 km de Baependi passamos por Caxambu. Tomamos um pequeno café num bar na periferia da cidade e prosseguimos.
Depois de Caxambu vimos mais sinais que estávamos cruzando os caminhos de Nhá Chica. Nesse ponto uma capela a beira da estrada com uma imagem da religiosa.
Depois de Caxambu, mais referencias a Hhá Chica. Placas para orientar romeiros.Depois de Caxambu, mais referencias a Hhá Chica. Placas para orientar romeiros.
O nosso cão amigo não perdia tempo. Sempre que via uma boa sombra, descansava um pouco.
O nosso cão amigo não perdia tempo. Sempre que via uma boa sombra, descansava um pouco.
Estávamos nos aproximando de uma comunidade que pertence a cidade de Soledade de Minas. Um carro de boi transportando colheitas passa por nós.
Estávamos nos aproximando de uma comunidade que pertence a cidade de Soledade de Minas. Um carro de boi transportando colheitas passa por nós.
Logo mais a frente funcionários da Prefeitura de Soledade de Minas, aproveitando o período de férias, reformavam uma escola municipal. Aproveitamos para reabastecer nossas garrafas d"agua. Um dedo de prosa e prosseguimos.
Logo mais a frente funcionários da Prefeitura de Soledade de Minas, aproveitando o período de férias, reformavam uma escola municipal. Aproveitamos para reabastecer nossas garrafas d"agua. Um dedo de prosa e prosseguimos.
Mais placas indicando a trilha de Nhá Chica.
Nesse ponto mais elevando, a Ana, que sempre estava a frente, anuncia ter avistado a cidade de São Lourenço. Essa noticia no final do dia sempre nos encoraja.
Nesse ponto a sinalização da Estrada Real ficou um pouco confusa. Nesse ponto a sinalização da Estrada Real ficou um pouco confusa.
O cão exausto e com muito calor, deitou num lamaçal para se refrescara as margens da estrada.
É incrível como a temperatura se eleva as margens do asfalto. Acredito que uns cinco graus, ou mais.
Perdemos os marcos da trilha. Seguimos pelo asfalto por alguns metros mas o nosso cão estava correndo sérios risco de ser atropelado. Preferimos então caminhar pela ferrovia que seguia paralelo ao asfalto. Do outro lado da estrada víamos o Aeroporto de São Lourenço. Ficamos um pouco desorientados nessa chegada.
Essa senhora a beira da linha nos informar como alcançar o centro da cidade.
Primeiras ruas de São Lourenço. Atravessamos o Rio Verde mais uma vez. Chegamos ainda bem cedo em São Lourenço a tempo de Almoçar. Estava nos Planos de Helder, passar em um açougue e comprar algum agrado para o nosso amigo mais recente, o Pastor Alemão. Tão logo saímos do restaurante percebemos que nosso amigo cão já não se encontrava por ali. Ficamos fazendo conjecturas: será que voltou para sua cidade de origem ou ficou perambulando pelas ruas a procura de comida? Não o vimos mais.
A receptividade em algumas Pousadas em São Lourenço foram uma das piores de toda Estrada Real. A palavra que mais se ouvia dos empregados era não. A impressão era de estar numa penitenciária. Tratamento curto e grosso!
Depois de um banho e um breve descanso, fomos passear no Parque das Aguas no centro da cidade. Caiu uma pancada de chuva naquela tarde. No início da noite fomos a uma Pizzaria ali por perto.Depois de um banho e um breve descanso, fomos passear no Parque das Aguas no centro da cidade. Caiu uma pancada de chuva naquela tarde. No início da noite fomos a uma Pizzaria ali por perto.
Ana e Marilda deram por encerrada a sua participação na caminhada. Elas iriam retornar a São João del Rei de ônibus no outro dia. Despedimos delas logo após a pizza e fomos dormir. No dia seguinte programamos reiniciar na trilha bem cedo e o nosso destino seria Itamonte-MG.
Saímos do Hotel ainda muito escuro. Atravessamos todo o centro de São Lourenço em direção ao terminal rodoviário pois ali começa a sinalização da trilha. Os totens sinalizando a Estrada Real.
Quando alcançamos a trilha de terra o dia já estava claro. Os primeiros quilômetros o caminho segue paralelo ao Rio Verde a ferrovia e a rodovia asfaltada.
Dificuldades no quilômetro 4,4. Essa ponte destruída e escorregadia, como se vê na foto. Foi difícil e arriscado atravessar. A vegetação muito alta e molhava as barras das nossas calças. Quase erramos o caminho nesse ponto mas o Helder estava muito atento a planilha de caminhada e percebeu logo o engano.
O sol aponta no horizonte. Percebesse que iríamos ter uma manhã de muito calor.
A exatos 8 km de São Lourenço chegamos a essa localidade. Quintais com muitas arvores frutíferas. Algumas casas de passar temporadas. Nativos nos afazeres diários. Um grande número de galinhas garnizé cruzando o nosso caminhos (galinhas ornamentais de pequeno porte). Sentimos uma boa energia nesse local. Muito verde, tudo muito bem cuidado e limpo.
Fomos tomar um refrigerante nesse bar, garrafas e mercadorias colocadas nas prateleiras numa simetria perfeita. O proprietário nos atendeu muito bem mas um pouco preocupado e desconfiado a princípio. Pedestres ainda são vistos com um certo preconceito.
Taboão fica a apenas 4 km da sede do município.. Já estávamos nos domínios da cidade de Pouso Alto-MG
Os moradores convivem na mais perfeita harmonia com a natureza nessa região. Casas de João de Barro e nas árvores, orquídeas a beira da estrada e muito verde a nossa volta.
Ponto de venda de cachaça. Paramos para tirar algumas fotos e prosseguimos.
Adentramos a cidade pela Rua Barão de Pouso Alto. Duas senhoras fazendo sua caminhada matinal nos perguntaram curiosas: Estão indo a Aparecida pagar promessa? Explicamos os motivos de nossa aventura e que nosso destino final seria Parati.
Descendo uma ladeira calçada avistamos uma igreja a construída já no século XX. Pensei comigo, cometeram aqui o mesmo erro de Gouveia, minha terra natal. Demoliram uma igreja com séculos de história para construir uma moderna que coubessem mais fieis.
Esse casarão enorme ao pé da ladeira funcionava a Prefeitura, foi interditado por motivo de segurança. Ameaçava desabar. A administração municipal teve que ser transferida as pressas para outro local.
Chegando a uma praça na parte baixa da cidade, essa senhora debruçada na amurada a beira do rio, parecia estar nos esperando. Nos contou que seu pai era um farmacêutico e muito influente na região, era amigo e parceiro político do Ex presidente Juscelino Kubitschek.
Ela nos contou também que em épocas chuvas, o Rio Verde costuma sair leito invadindo toda a praça a deixando ilhada no segundo pavimento. A farmácia de seu pai funcionava no andar térreo.
Reabastecemos de água as nossas garrafas, iríamos enfrentar um horário critico o sol forte do meio dia. Saímos da cidade por uma rua calçada de bloquétes dando acesso a cidade de São sebastião do Rio Verde.
A apenas dois quilômetros e meio de Pouso Alto, chegamos a essa cidade, São Sebastião do Rio Verde. Sua população em 2004 era de apenas 2065 habitantes.
Rio Verde é o mais importante dessa microrregião. A dois dias de caminhada a estrada vem seguindo a sua margem, hora a direita hora a esquerda.
Chegamos a praça principal as 11:35 h. O sol estava já muito forte. Poucas pessoas circulando pelas ruas.
Portas e janelas sempre fechadas na zona rural dessa região.
Tentamos saber a razão de tantas casas desabitadas, mas não encontramos nenhuma resposta convincente.
Tratores semi novos com cabines com ar condicionado trabalham na estrada . Em poucos minutos essas gigantes máquinas causam fissuras no solo que levam anos para serem cicatrizadas. Esperamos que esses equipamentos modernos sejam usados com responsabilidade.
Passamos pela localidade de Santana do Capivari, ainda nos domínios de Pouso Alto.Uma praça com algumas árvores e bancos, tudo muito bem cuidado e uma sorveteria que não tinha sorvete. Tomamos um refrigerante e prosseguimos.
Passamos pela localidade de Santana do Capivari, ainda nos domínios de Pouso Alto.Uma praça com algumas árvores e bancos, tudo muito bem cuidado e uma sorveteria que não tinha sorvete. Tomamos um refrigerante e prosseguimos.
Mais casas abandonadas. Nessa a esquerda, bem a frente da porta principal, nasceu uma goiabeira.
O grande número de granjas é uma constante por esse caminho. Seu cheiro característico.
Deixamos a estrada de terra e seguimos pela rodovia asfaltada que da acesso ao centro de Itamonte.
O que nos chamava a atenção também era o grande número de árvore as margens da estrada.
Essa imagem da Mantiqueira ia nos seguir por mais dois dias de caminhada até atingirmos a divisa do Estado de São Paulo.
As estradas e cidades são bem planas ao pé da Serra da Mantiqueira. Observamos também um grande número de lojas e oficinas especializadas em bicicletas. Esse tipo de transporte é bem usado por aqui.
Essa imagem da Mantiqueira ia nos seguir por mais dois dias de caminhada até atingirmos a divisa do Estado de São Paulo.
Subimos uma ladeira à direita e fomos até uma praça muito tranquila longe do movimento da rodovia. O relógio no alto da torre da Matriz de São José marcava 17:30 h.
Subimos uma ladeira à direita e fomos até uma praça muito tranquila longe do movimento da rodovia. O relógio no alto da torre da Matriz de São José marcava 17:30. Não encontramos nenhum hotel por ali. Encontramos sim um viajante que tinha como profissão amolar facas tesouras e visitava a cidade periodicamente. Ele nos informou onde poderíamos encontrar uma boa pousada e um restaurante.
Fomos nos hospedar no Hotel e Restaurante Tomaz. O salão do restaurante fica em uma varanda a um metro de altura junto a calçada. Tínhamos uma visão privilegiada daquela rua extremamente comercial.
Tomando uma cerveja observávamos o movimento local. Muitas bicicletas, pedestres e o movimento da rodovia que passa por dentro da cidade. Logo após o jantar planejamos a caminhada do dia seguinte. Decidimos não esperar o café da manhã no hotel. Iríamos levantar as 4 horas e, no máximo as 4:30 hs iniciar a caminhada.
Hoje quinta feira dia 14 de janeiro de 2010, é também 26º dia após a nossa saída de Gouveia. Íamos percorrer 24 km de Itamonte até Passa Quatro.
Conforme programamos na noite anterior, saímos bem cedo. Ainda estava totalmente escuro.
Caminhar nas madrugadas é um pouco místico. Não tínhamos lanternas, apenas a luz fraca das câmeras de filmar e fotografar. Ao entrar em uma mata ficou ainda mais escuro. Helder estava preocupado com receio de errar o caminho e outros medos que guardou só pra ele.
Com as primeiras luzes do dia começamos a escutar uma verdadeira sinfonia dos pássaros na floresta a nossa volta. Helder, como profundo conhecedor, ia os identificando conforme o seu cantar.
Atravessamos a ponte sobre o Rio Verde que nasce na Serra da Mantiqueira e corre por esse vale plano. Recebe outros afluentes por aqui, dentre eles, o Rio Itanhandu e o São Lourenço.
Esse corte da estrada é quase como um portal da cidade. Logo adentrando as primeiras ruas, duas senhoras nos abordaram curiosas. Nos perguntaram de onde vínhamos. Aproveitamos e perguntamos a elas onde encontraríamos um café. Nos indicaram a Leiteria Itanhandu.
Passamos por Itahandu, localidade que fica a apenas 11 km de Itamonte, chegamos ainda bem cedo, logo ao nascer do sol. O Presidente Juscelino Kubitscheck tinha muito carinho por essa cidade. Por ocasião dos combates na revolução de 1932, servia aqui aquele jovem tenente médico e futuro presidente. E dizia para os mais íntimos que sua carreira política começou por aqui.
Chegamos a praça principal de Itanhandu. O relógio da Matriz de Nossa Senhora da Conceição marcava 7:45h. Um largo retangular com uma fonte ao centro ornamentava o local.
Logo após o café na Leiteria, reiniciamos a nossa caminhada. Seriam mais 14 km nesse dia. Bem próximo de Passa Quatro íamos percorrendo um caminho bem plano e ladeado de granjas de grande porte.
Ao longe, víamos a famosa Serra da Mantiqueira se aproximar. Linha de montanhas que faz a divisa de Minas e São Paulo. A cidade de Passa Quatro fica ao pé dessa cordilheira e é o último município mineiro no caminho velho.
Este pequeno trecho, garganta natural do rio Passa Quatro, foi percurso original da Estrada Real, depois rodovia e posteriormente ferrovia. O trafico rodoviário passou para MG 158 construída metros acima.
O nome da cidade vem das curvas do rio, como eram muitas, os bandeirantes tinham que transporem suas águas por quatro vezes.
Após vinte e seis dias de caminhada a partir de Gouveia chegamos a Passa Quatro. Cidade belíssima com amplas calçadas, muitas arvores e ainda tendo ao fundo grandes montanhas fazendo a divisa.
Hoje quinta feira, 14 de janeiro de 2010. Encerramos aqui nossa 5ª e penúltima etapa desse nosso grande projeto Diamantina a Parati.
Agora aguardamos o próximo ano para finalizar todo esse caminho.
6ª E ULTIMA ETAPA
PASSA QUATRO A PARATI - 176 KM EM 4 DIAS
Retornamos a Passa Quatro-MG conforme combinamos em 3 de janeiro de 2011, exatamente um ano depois, para dar inicio o que seria a 6ª e ultima etapa de nossa caminhada até Parati. Chovia já a muitos dias em toda a região. Da janela do Albergue observávamos a chuva lá fora. Para nossa surpresa, debaixo daquele mal tempo o nosso amigo Kadu já nos aguardava no inicio da Trilha. Ele veio de São Paulo para juntar-se a nós.
Alguns minutos depois encontramos o Kadu. Resolvemos então sair do aconchego do Albergue e por o pé na estrada. A chuva continuava insistente. Logo nos primeiros km, cometemos um erro. A sinalização um pouco confusa nos induzia a erros. Passamos por cominhos difíceis desnecessariamente. Em seguida encontramos os totens que sinaliza a Estrada Real.
Divisa do Estado de Minas Gerais e São Paulo
Cruzamos o asfalto bem na divisa de Minas com São Paulo. Na seqüência fomos caminhando sobre uma linha férrea desativada. Passamos pelo famoso tonel da Garganta do Embáu.
O nosso amigo de São Paulo amanheceu reclamando muito das bolhas nos pés. Desistiu da caminhada e retornou para sua cidade de origem.
Vila Embaú-SP
Muita lama naquela manhã de quarta feira 5 de janeiro de 2011. O dia anterior foi de muita chuva.
No perímetro urbano de Vila Embaú, um funcionário da Prefeitura de Cruzeiro nos indica um atalho. Preferimos seguir a trilha mesmo. Atalhos fogem os nossos objetivos e por vezes nos confundem.
O Vale do Paraíba tem em média 20 km de largura, entre as duas linhas de montanhas.
No Vale do Rio Paraíba, estão cinco cidades bem próximas. São elas: Cruzeiro, Cachoeira Paulista, Lorena, Guaratingueta e Aparecida. Todas elas as margens do Rio.
Passamos no Rancho Santa Maria, foto a esquerda, e comemos um sanduiche. O sol forte e a umidade dessa região e ainda agravada pela baixa altitude, estávamos a apenas seiscentos metros a nível do mar, propiciava um calor insuportável.
Muitas plantações de arroz nesse vale. Uma tempestade estava se formando no alto da Mantiqueira.
Chegando a Guaratingueta avistamos a Basílica de Nossa Senhora Aparecida. O maior Templo Religioso do Mundo.
A minha emoção foi muito forte quando de Garatingueta avistei Aparecida do Norte. Imaginar que de pé em pé chegaria tão longe. Hoje era o dia 5 de janeiro de 2011, 28º dia depois de nossa saída de Gouveia-MG.
A caminhada no dia de hoje não foi das mais longas. Percorremos um trecho plano de várzea, o vale do Rio Paraíba. A alta temperatura me casou muito. Foram 37 km . Fomos jantar em um restaurante próximo ao hotel, devido o cansaço nem comi direito. O Helder imaginou que no dia seguinte eu não conseguiria prosseguir. Mas nada como uma boa noite de sono. Amanheci refeito e bem disposto.
A distancia entre Guaratingueta e Aparecida do Norte são de apenas 5 km. Na primeira foto a esquerda podemos ver as duas cidades e um espaço verde separando os dois centros urbanos.
Hospedamos no Hotel Cristalino no centro. Saímos a noite para jantar mas eu e tão cansado nem consegui comer direito. O que eu queria mesmo era dormir. Deixei o Helder no restaurante e fui me recolher mais cedo.
Hoje quinta feira, dia 6 de janeiro de 2011 saímos as 6:30 do Hotel Cristalino em Guaratinguetá Era o 29º dia após nossa saída de Gouveia. A nossa intenção era chegar a Cunha que fica a 51 km dali. Olhando para trás ainda víamos a Serra da Mantiqueira e o Vale do Paraiba bem abaixo.
O Vale do Paraiba está localizado entre as duas linhas de montanhas. Ao norte está a Mantiqueira fazendo a divisa com Minas e ao sul está a Serra do Mar fazendo a divisa dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Logo que saímos de Guaratinguetá tivemos que enfrentar uma longa subida. Estávamos a apenas quinhentos metros de altitude as margens do Rio Paraíba e em dois dias chegaríamos a 1535 de altitude na divisa dos dois Estados São Paulo e Rio de Janeiro.
O sol estava forte. Resolvemos parar no Coisas da Roça para fazer um Lanche e descansar um pouco. A Senhorita Thais nos recebeu como muita simpatia. Enquanto era preparado nosso sanduíche, carregamos a bateria da câmera. Já estávamos a 900 metros de altitude.
Chegando aqui nesse alto de serra avistamos Cunha. Uma tempestade com relâmpagos e raios surgiu rapidamente. Procuramos um abrigo a direita perto da entrada de uma fazenda junto a um bambuzal.
Chegamos a Cunha por volta de 20 horas. Foram 51 km de Guaratingueta até aqui e muita subida. Hospedamos na Estalagem Primavera, propriedade de Srtª Paola. Fomos ao Restaurante e Pizzaria Casarão.
Hoje dia 07 de janeiro de 2011, sexta feira, seria nossa batalha final. Ultimo dia da nossa grande Aventura. Seria também o 30º após nossa saída de Gouveia. A Paola já deixou o café da manhã preparado. Saímos bem cedo de Cunha, ainda estava escuro.
Ainda bem cedo chegamos nesse local que é uma das atrações turísticas de Cunha. Cachoeiras do Desterro e a do Pimenta.
Continuamos a subir a Serra do Mar em direção ao Estado do Rio de Janeiro. Muito atoleiro e obras na Estrada.
Muita mata a nossa Volta e um clima ameno nesse alto de serra. A árvore característica aqui é a Araucária ou Pinheiro.
A medida que íamos subindo a mata ia ficando mais densa. Estávamos nos aproximando do Parque da Bocaina
Nosso objetivo hoje seria chegar a Parati. São 57 km dos quais metade só subida e a outra metade só descida. Seria também muita distancia para percorrer em um só dia. Iríamos tentar.
Para minha surpresa o Helder carregava em sua mochila pedaços de pizza que sobraram lá da Pizzaria Casarão em Cunha. Paramos em uma guarita a beira do asfalto para fazer um pequeno lanche.
Mais a frente, paramos no Bar do Novais e ele nos preparou uma limonada. Parecia que tinha esgotado nossas forças, mas depois de uns 40 minutos de descanso e uns goles de limonada biscoitos weifer e café. Recuperamos as forças. O Novais nos disse que ainda faltavam uns 5 km para atingirmos o cume.
Chegamos ao cume. Aqui comecei acreditar que chegaríamos a Parati nesse mesmo dia. No meio da descida paramos nesse bar. O proprietário nos aconselhou a caminhar sempre no centro da estrada e observar bem. Para evitar animais peçonhentos.
Nesse alto de Serra já avistamos Parati e o mar. Escureceu a partir daqui. Caminhamos por mais 20 km de lanterna ligada.
Longo trecho em descida exige esforço de algumas articulações e músculos que até então parecia não os ter. Apareceram dores em outras partes do corpo.
Não é fácil resumir o que ocorre com alguém que adota o verbo peregrinar sem ser "beato". Sabemos que alguma experiência se soma em nossa consciência, mas não sabemos qual nem como ela nos afeta. Sabemos isso sim, que ela gera uma fome de repetir, de continuar indo. Sabemos que nossa memória ganha dilatação, nossa cor pigmentação e nossa irresponsabilidade ganham prioridade, pois a aventura é, dizem, uma experiência religiosa. Hoje, quando lembro da imagem de Aparecida do Norte, em frente, a poucos kms fico arrepiado, pois sabia naquele momento que a gigantesca Mantiqueira havia ficado para traz. Na verdade, vontade mesmo dá é de chorar, pois a emoção é estupenda. Mais que isso, sentimos o cheiro da loucura, ou seja, uma vontade de sair por aí sem rumo, a pé, claro, sem dia para voltar, aliás, quando se volta à vida fica monótona, fria, sem sentido. Uma vez caminhante sempre marinheiro senão pirata...Isto é, aquele que invade outras águas, nesse caso, as novas águas são as ‘praias desconhecidas’ de nós mesmos, nosso lado de dentro fluído, indo. Nosso prazer, este estranho sentimento descobre que gosta d dor, da chuva, da fome e do calor em demasia. Descobrimos que o prazer gosta do escuro, do perigo, da noite. Percebemos que Paraty é linda, sua praia nosso destino. Assim como Diamantina, Paraty é lugar de Colônia, d’almas inquietas, viajadeiras...
P/ Helder Moraes
PORTAL DA CIDADE. Chegamos
Numa reunião realizada na Secretaria Municipal de Educação em Gouveia, fiquei conhecendo o jovem Professor Helder Moraes. Num dado momento, jogando conversa fora, falei para ele dessa minha vontade de fazer uma viagem inusitada. O meu projeto inicial seria uma viagem a pé de Gouveia a Belo Horizonte, percorrendo trilhas e estradas de terra e tentando seguir um traçado ao máximo em linha reta até a capital. Para minha surpresa o Helder gostou da idéia. Imediatamente nos convidamos o jovem Junior Cebola para fazer parte do grupo. Ele aceitou prontamente. Constatamos que a distância seria de 244 quilômetros e teríamos de fazer esse percurso em oito dias. Acertamos a data da Partida para o dia 10 de janeiro de 2005. Mochilas prontas, algumas barras de cereal, bananas, rapadura, barracas, roupas, câmara para registrar imagens e muita disposição para iniciar a caminhada.